terça-feira, 15 de outubro de 2013

LITERATURA ANDANTE NA 5 º FESTA DOS IBÊJIS EM PIRITUBA NO ESPAÇO ELO DA CORRENTE - 13/10/2013

Esse final de semana teve Literatura Andante em Pirituba na 5 º festa dos Ibêjis, foi dia maravilhoso, onde tivemos a oportunidade de trocar com aquelas que trazem magia em nossa caminhada, as crianças, abaixo segue o texto de Michel Yakini detalhando esse domingo de festa.

Bala Sortida (por Michel Yakini)


Domingo foi um daqueles! Acordei de manhãzinha, fui escovar os dentes e quando apertei a pasta, não é que saiu bola de goma? Fui lavar o rosto e da torneira escorreu suco de melancia. Pensei: Hoje é meu dia!
Troquei de roupa e fui pro quintal. O Sol tava lá, brilhoso que só. Subi na lage e dei uma mordida nele, tinha sabor de geléia. No corredor tinha pé de pirulito, vaso florido de pipoca, muda de bala sortida. O Sol ficou meio sem jeito e se escondeu atrás do algodão doce.
A Menina do Laço de Fita que tava com a Eunice, viu e deu aquele suspiro, foi um “ai... ai...” tão sonoro que despertou um bando de livros, que vieram voando, espalhando cores e pousaram nas mãos das crianças que passavam na rua. Uns passarinhos ficaram com preguiça e fizeram ninho no Carrinho de Mãoteca do meu amigo DigoLivro.
Aí já virou festa! Fui até portão e vi a mulecada jogando Capoeira, cada cantiga bonita do Axé-Corisco, eu logo encostei pra bater palmas com eles. A Joana da Roça veio de mão dada com a Baobá, enquanto o Carteiro disse que hoje só entregaria Poesia.
Surgiu um apito de longe. Daqueles de trem, sabe? Era o Versulindo avisando: Olha o trem! Olha o trem! Quem vai? Veio gente de todo canto, criança de 1 e de 90, pra embarcar no nosso vagão de fantasia.
Toda vez que alguém se lembrava de uma música, o DJ Edimilson corria pra botar som na caixa e fazer o bairro inteiro cantar. A Carolzinha descobriu uma mina de tinta na calçada, cochichou pro Perê, chamaram outros amiguinhos e ficaram lá pintando o sete. Teve gente que de tanto pintar esqueceu a mão pendurada no muro do vizinho, tá lá até agora, o dono nem veio buscar.
A hora voou, quando percebi já era Terça-Afro, mas a gente nem ligou, brincamos de Caça e Caçador, batemos tambor, cantamos o Jacaré-Poio e no final ganhava quem pegasse um pé de moleque.
Toda essa brincadeira meu deu fome. Sorte que tinha bolo e refri pra todo mundo ficar sorridente. Quando terminei de comer percebi que o céu tava virando chocolate e era hora de ir pra casa, aproveitei e foi embora petecando a Lua.
Ainda bem que a Soninha tirou bastante foto, assim a gente não vai esquecer tão cedo o sabor que essa festa deixou na boca da gente. Além do mais, vai que alguém pense que eu tô mentindo, né?